Se os pássaros falassem

Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Certo cativo pássaro dizer:
- Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre, em que voar me viste!
Tenho água fresca, num recanto escuro
Do bosque em que nasci!
Tenho frutas e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola,
Pois nenhuma riqueza me consola
De ter perdido aquilo que perdi!
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido e escondido
Entre galhos das árvores amigas!
Deixa-me! Quero o Sol!
Quero o ar livre e o perfume da floresta!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Talvez os teus ouvidos escutassem
Certo cativo pássaro dizer:
- Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre, em que voar me viste!
Tenho água fresca, num recanto escuro
Do bosque em que nasci!
Tenho frutas e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola,
Pois nenhuma riqueza me consola
De ter perdido aquilo que perdi!
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido e escondido
Entre galhos das árvores amigas!
Deixa-me! Quero o Sol!
Quero o ar livre e o perfume da floresta!
Com que direito à escravidão me obrigas?
de Olavo Bilac
Este quadro foi realizado na técnica de arraiolos.
As suas medidas são (comp. x larg.) = 77cm x 45cm.

