Os corações não são todos iguais. E alguns, com uma forma específica, podem ser mais suscetíveis a doenças cardíacas

 

Coração© CNN Portugal

Os corações não são todos iguais e há formatos que podem mesmo indicar o quão suscetível estão a determinadas doenças. Esta é a conclusão de um estudo que analisou pela primeira vez a base genética dos ventrículos direito e esquerdo, usando imagens 3D.

Ao criar modelos 3D dos ventrículos, os cientistas da Queen Mary University of London, King's College London, Universidad de Zaragoza, University College London e Complexo Hospitalario Universitario A Coruña conseguiram trazer para o campo médico e científico um novo parâmetro de avaliação do coração para lá do tamanho e do volume, os dois aspetos até então usados. Agora, é também possível perceber o impacto da forma e, com isso, identificar novos genes associados à saúde cardiovascular.

E há formatos específicos do coração que o tornam mais suscetível a adoecer? Sim. Diz o estudo que “a esfericidade tem sido associada à fibrilação atrial e à cardiomiopatia”, ou seja, a um ritmo cardíaco irregular e rápido e a um desgaste progressivo da estrutura e da função das paredes musculares das câmaras do coração, respetivamente.

O estudo foi publicado na revista Nature e focou-se em dois aspetos: recorrer a engenheiros para criar os modelos 3D e, por conseguinte, identificar as formas do coração; recorrer a geneticistas para passar a pente fino o genoma humano ligado a cada uma dessas formas do coração.

Vamos por partes. Para criar os modelos 3D, os cientistas recorreram a imagens de ressonância magnética cardiovascular de mais de 40 mil pessoas do UK Biobank, o maior banco de dados de saúde do Reino Unido. Através de análises matemáticas e estatísticas, conseguiram identificar 11 dimensões de forma que permitem descrever as variações primárias do formato deste órgão vital. Já para a parte genética, foram feitas análises específicas que permitiram encontrar 45 áreas do genoma humano ligadas a diferentes formatos do coração. E a grande novidade é que dessas 45 áreas, ainda não se sabia que 14 influenciavam a saúde cardíaca.

Julia Ramírez, cientista da Universidad de Zaragoza e também autora principal do estudo, explica em declarações ao El País que esta descoberta pode ser usada muito em breve em formas mais aprimoradas e rápidas de rastreio cardiovascular.

“Agora sabemos que com a informação genética podemos saber se alguém vai ter uma anomalia cardíaca que o predispõe ao risco [de doença], o que pode servir como um método mais económico de rastreio. Há 15 anos diria que não, porque o exame genético era caro, mas agora é muito mais barato do que a ressonância magnética”, vinca.

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