O que está por trás da sua necessidade de "controlar tudo" nos mínimos detalhes
Fazer listas, planear cada detalhe, antecipar todas as eventualidades... Para algumas pessoas, a necessidade de controlar tudo não é apenas uma preferência organizacional: é um reflexo profundo, às vezes generalizado. E por trás desse desejo de ter controle sobre tudo, muitas vezes há muito mais do que o gosto pelo rigor.
Uma proteção contra a ansiedade
Não é por acaso que você sente um alívio quase físico quando marca uma tarefa em sua lista de tarefas ou faz as malas três dias antes da partida. O controle, para você, não é apenas um hábito: é uma rede de segurança emocional.
A psicóloga Christel Petitcollin explica que esse comportamento muitas vezes tem suas raízes na infância, especialmente quando o contexto era instável.
Um pai imprevisível? Um quotidiano caótico? Para lidar com essa indefinição emocional, você pode ter desenvolvido uma estratégia muito eficaz: dominar tudo. Então o seu cérebro fez um atalho: imprevisto = perigo, organização = segurança. Resultado? Uma aversão quase visceral a qualquer coisa que vá além do quadro.
Perfeccionismo, o tirano disfarçado
Muitas vezes, essa necessidade de controle é acompanhada por um perfeccionismo que, sob o seu ar de rigor, é na verdade uma fonte permanente de pressão. Não é tanto que você queira que as coisas sejam feitas corretamente: você quer que elas sejam perfeitas, até perfeitas.
Tenha cuidado, o perfeccionismo não é um superpoder. Pode se tornar uma armadilha, uma forma de evitar o fracasso... ou pior, julgamento. Porque se tudo estiver sob controle, nada pode prejudicar sua imagem ou desencadear aquela vozinha interior que sussurra para você: "Você poderia ter feito melhor".
De acordo com um estudo publicado no Journal of Anxiety Disorders, essa necessidade de controle total é comum entre pessoas com ansiedade generalizada. É uma espécie de salvaguarda emocional. Ao controlar o exterior, você tenta evitar tremores internos.
Quando o controle se espalha para os outros
O problema é quando essa necessidade de controle vai além da sua esfera pessoal para interferir em seus relacionamentos. Você organiza as férias de A a Z sem deixar a menor escolha para os outros? Você acaba querendo "ajudar" seu o parceiro a dobrar melhor a roupa (tradução: faça do seu jeito)?
Pode ser exaustivo, para você e para os outros. Porque por trás desse desejo de fazer o bem, muitas vezes se esconde um medo mais silencioso: o de ser abandonado se o ambiente se tornar muito incerto. Ao dominar os detalhes, você tenta preservar a conexão. Só que, a longo prazo, esse comportamento pode gerar tensão, mal-entendidos e até distância emocional. O controle excessivo pode então produzir o efeito oposto ao desejado: o isolamento.
Sinais que não enganam
Aqui estão alguns indicadores de uma necessidade de controle que pode ter ocupado um pouco de espaço demais:
- Você sente um stress intenso quando ocorre um evento inesperado (mesmo que seja menor)
- Você acha difícil delegar, mesmo para tarefas simples
- Você se sente culpado ou ansioso se as coisas não saírem como planeado
- Você controla até os detalhes insignificantes: a ordem dos objetos, os horários de outras pessoas, como encher a máquina de lavar louça...
Se se identificar com as situações anteriores, fique tranquilo: você não é "demais", está simplesmente à procura de um equilíbrio.
Deixar ir não é perder, é se abrir
Deixar ir não é uma liminar para deixar tudo ir. É um ajuste. Um movimento suave em direção a mais fluidez. E não, isso não significa tornar-se desorganizado ou viver no caos. Significa simplesmente: aprender a confiar. Algumas dicas para começar:
- Experimente a improvisação suave: faça uma viagem de fim de semana sem planear tudo, deixe outra pessoa escolher o restaurante, aceite que você não tem todos os detalhes imediatamente.
- Delegue uma tarefa que você costuma fazer (e aceite que ela seja feita de forma diferente).
- Explore suas emoções com um profissional: às vezes, entender de onde vem essa necessidade de controle pode ajudá-lo a colocar-se de volta num lugar mais saudável.
- Aprenda a falar consigo mesmo com gentileza: seu valor não é medido por sua capacidade de controlar tudo.
Sua necessidade de controle não é uma falha. É um mecanismo de enfrentamento que, em algum momento, provavelmente o salvou. No entanto, não precisa tornar-se uma prisão dourada. Ao aprender a confiar – em si mesmo, nos outros, na vida – você não se torna vulnerável. Você torna-se livre. Livre para respirar sem antecipar cada movimento. Livre para criar sem ter planeado tudo. Livre para amar sem controlar tudo. Porque, às vezes, é deixando ir que você finalmente encontra todo o seu poder.


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