Parei de me olhar no espelho por um mês, veja o que aconteceu

 História de Émilie Laurent


Parei de me olhar no espelho por um mês, veja o que aconteceu© Nejatpixels/Pexels

Nós o evitamos, às vezes nos demoramos ali para repor uma mecha de cabelo ou retocar a maquiagem. Mas nunca nos demoramos muito para que não saia do controle. O espelho está em todo lugar, pregado na parede do banheiro, pendurado na sala ou pendurado no guarda-roupa. Mesmo assim, por um mês, fingi que ele não existia, cobrindo-o com um lençol. Uma experiência simples, mas que mudou completamente minha relação comigo mesma.

O espelho, esse “amigo” que nem sempre quer o melhor para nós

Temos a tendência de acreditar que o espelho é neutro : ele reflete, ponto final. Na realidade, ele amplifica nossas inseguranças. Cada olhar se torna uma oportunidade para julgar, comparar e autocriticar. "Engordei? Por que minha pele está assim? Meu cabelo está sem vida. Meu bronzeado não está uniforme, está feio." Comentários negativos inundam nossas mentes e aquela vozinha interior sussurra todo tipo de horrores sobre nós mesmos.

No fim das contas, acabamos reduzindo nossa identidade a uma imagem: aquilo que projetamos no espelho. Como cada encontro cara a cara com o espelho muitas vezes se transforma em um teste pessoal, decidi remover esse acessório do meu dia a dia por um mês. O desafio não foi fácil, especialmente porque reflexos aparecem em todos os lugares, de portas de lojas a vidros escuros de carros. Mesmo assim, ele me "consertou".

Os primeiros dias: a vertigem do vazio

Não vou mentir: o começo foi perturbador. Não conseguir me ver enquanto escovava os dentes ou me vestia me fez sentir como se estivesse perdendo o rumo. Como se meu reflexo fosse uma salvaguarda. Fazer sua rotina de beleza às cegas, confiando apenas no toque e sem parecer uma palhaça no final, é digno de um desafio em Koh Lanta. Mas não basta tirar o pó compacto da gaveta "só para ver".

Claro, me peguei em dúvida: "Será que estou com alguma aparência hoje?" Mas rapidamente percebi que essa pergunta era menos essencial do que eu pensava. Ninguém me fez o menor comentário. Acontece que era principalmente eu quem examinava minha aparência, muito mais do que os outros, e que sempre encontrava algo para criticar.

Reconecte-se com sensações, não com imagens

Sem um espelho, tive que mudar minha perspectiva. Eu me vestia para o que me fazia sentir bem, não para a "aparência". Escolher calças porque eram confortáveis, um suéter porque me mantinha aquecida, não porque valorizava meu corpo, era libertador.

Em termos de maquiagem, limitei-me ao essencial: um toque de protetor labial, às vezes um pouco de blush. No final das contas, economizei tempo, mas também leveza mental. Meu valor não dependia mais da minha capacidade de "corrigir" meu rosto no espelho.

Os outros me viram... eu

O mais surpreendente é que as pessoas ao meu redor me acharam mais radiante. Não porque eu tivesse mudado alguma coisa, mas porque eu estava mais presente. Não se julgar no espelho libera energia: você sorri mais, respira melhor, se conecta com os outros.

Um mês sem espelho também é um mês ouvindo elogios sem descartá-los. Quando não nos olhamos dez vezes por dia, aprendemos a confiar no que os outros dizem sobre nossa aparência.

Ao final daqueles 30 dias, percebi que não precisava do espelho para saber quem eu era. Descobri uma confiança mais profunda, que não depende do reflexo na janela. Será que parei de me olhar completamente? Não. O espelho continua sendo útil para verificar um rímel mal colocado ou uma camiseta manchada. Mas hoje, ele não é mais meu juiz.

A experiência me ensinou que nosso reflexo não é uma verdade absoluta. É uma imagem congelada, que nada diz sobre nossa energia, nosso humor, nossa criatividade. Em suma, sobre o que nos torna verdadeiramente belos. Então, se você sente que o espelho está te confinando mais do que te ajudando, experimente: um dia, uma semana ou até um mês sem ele.

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