Porque é que "tentar não pensar" nos problemas não resulta?
Quando estamos a passar por dificuldades, quando algum evento negativo surge ou quando queremos evitar alguma coisa, um conselho muito habitual que ouvimos é: "Tenta não pensar nisso".
Mas quantas vezes é que este conselho surte mesmo efeito? Quase nunca. Parece até que os pensamentos ainda ficam mais fortes.
Parece estranho: quando queremos não pensar em algo, parece que esse algo aparece mais nos nossos pensamentos.
Mas porque é que isso acontece?
Daniel Wegner, psicólogo social americano, explica que o comando de tentar não pensar em algo, é uma tarefa que se divide em duas partes e que é realizada por duas partes diferentes do cérebro: o operador e o monitor.
Uma das partes tem a função de direcionar a nossa atenção para outra coisa que não seja o pensamento proibido. Ele chama este processo de "operador". O operador consome muita atenção e energia.
Outra parte do cérebro tem a função de monitorizar tudo aquilo que possamos estar a fazer, sentir e pensar e que esteja relacionado com o pensamento proibido. Ele chama este processo de "monitor". O monitor está sempre a funcionar e tem energia quase ilimitada.
Normalmente, o operador e o monitor trabalham em paralelo.
Se estivermos com os nossos recursos cognitivos em pleno, o monitor é muito útil para nos informar dos perigos que queremos evitar e o operador consegue utilizar a sua energia e atenção para ir ao encontro ao nosso objetivo.
O problema surge principalmente quando os nossos recursos cognitivos estão fracos, tal como quando estamos cansados, com stress, doentes, distraídos ou por via de outras situações que atrapalhem os nossos recursos cognitivos.
Nessas situações, o monitor está muito ativo e o operador não consegue fazer o seu trabalho, sendo bombardeado com aquilo que não queremos pensar, sentir e fazer.
Ou seja, como o monitor está a monitorizar tudo aquilo que tem a ver com o pensamento proibido, ele vai evocar mais vezes a informação sobre esse pensamento.
Vamos imaginar que não queremos pensar sobre aquela preocupação que precisamos de resolver. Como o monitor está mais ativo, essa informação vai surgir mais na nossa mente.
E quanto mais tentarmos não pensar, mais ordens estamos a dar ao monitor, intensificando a sua ação e consequentemente, a intensidade desse pensamento que queremos evitar.
Este é o "efeito ricochete".
Qual a solução?
Uma delas é focar em outra coisa. Em vez de tentar não pensar em algo, ocupar o nosso pensamento com outro estímulo. Em vez de tentar não pensar naquela preocupação, tentar recordar-nos de outra situação qualquer.
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